O Engenheiro Clínico é mesmo essencial no gerenciamento hospitalar?

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Durante anos a gestão hospitalar foi realizada por um profissional de administração, porém a falta de conhecimentos médicos, técnicos e tecnológicos, fez com que esse profissional não suprisse a necessidade que a gestão hospitalar necessitava.

A administração hospitalar requer, atualmente, um investimento crescente e, consequentemente, um nível de conhecimento cada vez maior, pois se trata de cuidar de uma organização, que em sua maioria, tem um alto nível de complexidade.

Para ficar mais fácil de entender vou fazer uma analogia. Imagine que você é um profissional de administração, e gere uma indústria de cosméticos, você é quem libera verbas ou não para qualquer tipo de teste de produtos, aprova ou não, projetos para novos produtos.

Porém, chega um momento em que não bastam suas habilidades de administrador, você precisa ter um certo nível de conhecimento de química, de processos para composição de cosméticos e afins, pois através desses conhecimentos você terá noção do que é viável e realmente necessário para melhorar os processos, podendo assim, até mesmo, reduzir custos.

No caso da administração hospitalar não é diferente, a partir disso é que foi implementado o Gestor Hospitalar. Este tem como papel gerir tanto o meio laboral quanto o institucional e além disso, o gestor hospitalar tem também um treinamento adequado tanto para questão administrativa quanto a humana, ele precisa ser apto a dialogar entre diferentes áreas, sendo capaz de, com eficiência, gerenciar as atividades mais complexas do meio. Para saber mais sobre o papel do Gestor Hospitalar você pode clique aqui.

O gerenciamento hospitalar tem um alto nível de complexidade e necessita de um profissional, capacitado e preparado para as diferentes situações do meio médico-hospitalar.
O gerenciamento hospitalar tem um alto nível de complexidade e necessita de um profissional, capacitado e preparado para as diferentes situações do meio médico-hospitalar.

O papel do Engenheiro Clínico

Ainda pensando em melhor administrar todas as áreas dentro de uma instituição de saúde, é que a engenharia clínica entra em ação. O profissional de engenharia clínica tem um importante papel nos hospitais, este é responsável pelo gerenciamento das manutenções preventivas, corretivas, segurança elétrica e calibrações com o objetivo de aumentar a vida útil dos EMH (Equipamentos Médicos Hospitalares), também é responsável pela implementação de novas tecnologias melhorando o atendimento e reduzindo custos hospitalares.

O Engenheiro clínico é, segundo a American College of Clinical Egineering (ACCE), aquele que aplica e desenvolve os conhecimentos de engenharia e práticas gerenciais aliadas a tecnologias de saúde, visando proporcionar um melhor cuidado aos pacientes.

Acesse aqui o guia completo de Engenharia Clínica!

Nesse ponto temos uma evolução, necessária, dentro do gerenciamento hospitalar. Veja bem, falamos anteriormente que o Gestor Hospitalar é a pessoa mais indicado para realizar a gestão hospitalar em todos os aspectos, pois ele tem, por obrigatoriedade, que ser um profissional transdisciplinar, ou seja que tem facilidade por transitar pelos setores administrativos e humanos, correto?

Pois é, mas vamos pensar em todos os equipamentos hospitalares que são, em sua maioria, de tecnologia de ponta, e que em sua manutenção e acompanhamento precisam de um agente qualificado. Agora, imagine a sobrecarga que seria para um Gestor Hospitalar cuidar do administrativo, do humano e ainda ter que acompanhar e fiscalizar os aparelhos, manutenções preventivas e corretivas de hospital. Talvez em um pequeno hospital ou clinica isso fosse possível, mas em um hospital com um grande número de leitos seria muito para profissional de gestão hospitalar, além de o fato do gestor hospitalar não ter conhecimento estratégico e técnico que um engenheiro clínico tem, por exemplo.

Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) o setor de manutenção hospitalar é um dos setores que apresentam o maior custo, que chegam à 10% do faturamento em hospitais particulares. Portanto, para cuidar desses equipamentos o mais indicado seria um engenheiro clínico. Essa necessidade ainda é reforçada pela Avisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), que em 2010 publicou uma resolução em que recomenda que entre os profissionais gestores haja um Engenheiro Clínico.

A Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) em 2010 publicou uma resolução em que recomenda que entre os profissionais gestores haja um Engenheiro Clínico.
A Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) em 2010 publicou uma resolução em que recomenda que entre os profissionais gestores haja um Engenheiro Clínico.

O fato é que existe uma carência em relação a manutenção e gerenciamento de equipamentos hospitalares, visto que estes detêm de uma grande complexidade de gestão e somente o profissional de engenharia clínica, sem um auxilio, não consegue realizar a manutenção com tanta assertividade quanto é necessário. A existência de um programa\software que auxilie, facilite e otimize esse processo, é o mais indicado para manter tudo dentro dos conformes, sendo um forte aliado desses profissionais de engenharia clínica. Um exemplo de software que facilita, otimiza os processos de manutenção, preventivas e calibrações é o software da Arkmeds. Saiba mais sobre a Arkmeds em seu site.

Vantagens de ter um Engenheiro Clínico na equipe de Gestão Hospitalar

Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nas vantagens de se ter um Engenheiro Clínico na equipe de gestores hospitalares, que por sinal são muitas e bem complexas. E vocês vão ver que ter um engenheiro clínico é como diz o provérbio: “Em terra de cego, quem tem olho é rei. ” (risos). Então chega de enrolação, vamos à algumas vantagens.  

  • Gestão dos equipamentos e diminuição de custos

Dentro de uma instituição de saúde geralmente há um engenheiro civil ou elétrico para cuidar das instalações físicas. Mas quem é o responsável pelos equipamentos médicos e por resolver os possíveis problemas de gerenciamento desses equipamentos? É o Engenheiro Clínico. Aqui temos uma das vantagens de se ter um profissional dessa área na equipe de gestão hospitalar.

O profissional de engenharia clínica e seu setor, são responsáveis por todo o ciclo de vida dos equipamentos tecnológicos de suporte a vida e não somente da manutenção desses. Ou seja, o engenheiro clínico deve participar desde a aquisição, recebimento, testes de aceitabilidade, manutenção, preventivas, alienação e todas as etapas que fazem parte da vida do equipamento médico-hospitalar. E quando esse processo de acompanhamento é feito corretamente por este profissional as chances de redução de custos são altíssimas.

Engenheiro Clínico é quem faz todo o acompanhamento de todo o ciclo de vida dos equipamentos médico-hospitalares.
Engenheiro Clínico é quem faz todo o acompanhamento de todo o ciclo de vida dos equipamentos médico-hospitalares.

Veja bem, digamos que em uma casa de família quem sempre faz as compras é a mãe, digamos que o nome dela é Marge. Marge sempre cuidou da casa, gerencia tudo, acompanha o que está sendo gasto, o que está faltando, o que entra e\ou que sai na casa, ela sabe quando um aparelho doméstico está velho demais e precisa ser substituído, sabe se os filhos estão ou não fazendo seu dever de casa. Marge ao faz compras de tudo que precisa, de forma consciente, evitando gastos, pois é ela a profissional que cuida do lar.

Só que Marge fez uma cirurgia e precisa ficar de repouso absoluto por algumas semanas, com isso Marge delega a seu marido, Homer, a função de cuidar da casa e realizar todo o monitoramento pelo período em que estiver impossibilitada. Quando Marge voltou à ativa em seus afazeres, ela percebeu que Homer, gastou muito mais do que era necessário nas compras daquelas semanas, não sabia o que estava faltando e nem o que estava sobrando, não sabia acompanhar as tarefas dos filhos, além de não ter consciência do funcionamento dos eletrodomésticos. Ou seja, tudo estava fora dos padrões da Marge e isso gerou perdas financeiras no orçamento familiar.

E qual o motivo dessa historinha?

É simples, o engenheiro clínico é a Marge, é ele quem faz todo o acompanhamento de todo o ciclo de vida dos equipamentos médico-hospitalares, ele sabe bem, quando é preciso realizar a manutenção de um aparelho, sabe quando algum equipamento deve ser substituído, ou está defasado. Há controle e, consequentemente, redução de custos. Sem esse profissional, não há garantia de que a empresa que presta esses serviços de manutenção está agindo corretamente em relação ao que é preciso, não há controle dos processos e nem quando equipamentos deve realmente ser reparados, o que gera perdas significativas.

Você pode conferir mais sobre o papel do engenheiro clínico nos custos do hospital nesse artigo:

Engenharia Clínica: centro de custo ou lucro? 

  • Certificação de Qualidade

Assim como nós estudamos continuamente para nos qualificarmos no mercado, hospitais também buscam por qualificação, a diferença é o modo como essas qualificações são alcançadas. A ONA (Organização Nacional de Acreditação) é uma entidade não governamental e sem fins lucrativos que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil, com foco na segurança do paciente. Saiba mais sobre o ONA aqui. Mas como um engenheiro clínico pode ajudar um hospital a alcançar a acreditação de qualidade? Então, isso não é tão simples e irei listar alguns pontos que a ONA leva em consideração ao conceder uma acreditação.

  1. Primeiro quesito em que o setor de engenharia clínica é avaliado é a existência de um inventário de todo equipamento, portanto, todo o equipamento médico-hospitalar deve ter um código de rastreamento, onde ele seja facilmente localizado e todas as informações do aparelho sejam catalogadas.
  2. Outro ponto é a programação das manutenções, ou seja, organização das manutenções futuras, tendo um controle maior da situação de cada equipamento.
  3. Ter um plano “B” também é de extrema importância para conseguir essa certificação, numa situação em que um aparelho crítico estraga e todos os outros estão sendo usados, você estará preparado?
  4. A priorização da manutenção é outro ponto que se deve ter atenção, isso porque alguns equipamentos são de ordem crítica e a atenção em relação a manutenção destes é essencial, pois assim se evita surpresas desagradáveis e evita o uso do tal, plano “B”.

Viu como não é simples? Pois é.

E você sabe quem é responsável por tudo isso?

É o engenheiro clínico, ele que fica encarregado das estratégias para chegar a excelência nos processos. É o bom trabalho desse profissional do gerenciamento hospitalar que irá garantir que os hospitais possam ser certificados como instituições de excelência, fazendo com que estas se destaquem.Veja mais algumas exigências para acreditação aqui.

A ONA (Organização Nacional de Acreditação) é uma entidade não governamental e sem fins lucrativos que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil.
A ONA (Organização Nacional de Acreditação) é uma entidade não governamental e sem fins lucrativos que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil.
  • Importante desde a fase de projeto

“Quando um hospital está em construção, o engenheiro clínico pode especificar, com apoio de requisitos de pré-instalação dos diversos equipamentos, o dimensionamento de áreas físicas e os dimensionamentos elétricos e hidráulicos do prédio”, explica Marcos Antônio Rocha, que ocupa a gerência de engenharia clínica do Centro de Engenharia Biomédica da Unicamp (Universidade de Campinas).

Sendo o profissional de engenharia clínica implantando desde de o início de um projeto hospitalar, além de todo o benefício que o engenheiro clínico traz para os processos de administração e gerenciamento hospitalar, ele também é um aliado eficaz nos procedimentos de pré-instalação de equipamentos, define os melhores espaços para cada utilidade.

Uma situação corriqueira que exemplifica bem esse quesito é moveis planejados. Assim como você planeja os armários de sua cozinha, mesa, ou guarda roupas do seu quarto, com a pretensão de tudo ficar bem distribuído, organizado e de fácil acesso, do mesmo modo o engenheiro clínico planeja de modo a conseguir um maior aproveitamento dos espaços de um hospital, fazendo com que no dia a dia do hospital tudo seja mais rápido, simples e preciso.

Só com o pouco que citei acima vocês podem perceber o quão importante é o trabalho de um Engenheiro Clínico, não é mesmo?! Nós temos um post maravilhoso em nosso bolg que também trata das vantagens de um Engenheiro Clínico, então dê uma olhada aqui.

Conclusão

As tecnologias que envolvem o meio médico e a administração hospitalar é, de fato, de ponto crucial para que uma instituição de saúde caminhe nos trilhos, dando conforto e segurança a seus pacientes. Ter profissionais aptos a cumprir todas as exigências para o bom funcionamento dos hospitais, que saibam gerir de forma coerente, facilitando os processos é o passo mais importante a ser tomado por todas as instituições.

E como vocês viram nesse post o papel do Engenheiro Clínico é muito valioso para que a gestão seja bem feita, evitando perda de equipamentos e, consequentemente, de dinheiro, acelerando e otimizando os processos.

Agora que você já entendeu a importância do engenheiro clínico, que tal conferir como crescer na carreira e crescer mais? 

Thiago Bajur

Thiago Bajur

Thiago Bajur é co-fundador da Arkmeds. Escreveu um livro aos 11 anos de idade, o Zot. Estudou Engenharia de Sistemas Médicos na OVGU, Magdeburg Alemanha. Desenvolveu o primeiro analisador de segurança elétrica automático do Brasil. Já foi Juiz na German RoboCup, maior evento de Robótica do mundo. É Apaixonado por inovação e quer transformar a forma como é vista a Engenharia Clínica.
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7 anos atrás

[…] O Engenheiro Clínico é mesmo essencial no gerenciamento hospitalar?; […]

Alexandre saccone
Alexandre saccone
7 anos atrás

Excelente sua materia Thiago!
Me ajudou muito, estou disposto a seguir a área de engenharia clinica
Hoje trabalho com usinagem de moldes e especialista em modelação e cnc mas a estou muito interessado em fazer minha especialização em engenharia clinica. Se puder me orientar sobre que cursos seriam interessante para somar conhecimento na área, desde já lhe agradeço!

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7 anos atrás

[…] seguida, apure as atividades no setor de suprimentos hospitalares e engenharia clínica. No primeiro, certifique-se de que o ciclo de assistência farmacêutica esteja funcionando […]

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7 anos atrás

[…] Engenharia Clínica é uma área do conhecimento derivada da engenharia biomédica e concentra-se em gerenciar as […]

Marcilio Abraços Jorge
Marcilio Abraços Jorge
6 anos atrás

Tenho 32 anos de trabalho dentro de áreas críticas em hospitais. Passei por muitas situações de grande estresse devido a ausência de profissional capacitado. Tínhamos que resolver panes a fim de evitar mortes e interrupção de produção. Aprendemos a trabalhar com condições inseguras e cobravamos e éramos cobrados a resolver problemas sérios sem ter capacidade para resolver -los. A ignorância é a parceira do desespero. Sou enfermeiro de formação. Hoje faço parte como docente na FzeI na Pós Graduação de Engenharia e Manutenção Hospitalar, onde ressalto a importância destes profissionais.

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