As principais fontes de desperdício em hospitais que um Engenheiro Clínico poderia evitar

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O crescimento populacional, assim como a necessidade de ampliar os recursos para atender a toda demanda, exige investimentos elevados e crescentes dentro dos hospitais, tanto na rede pública quanto na privada. Com isso a necessidade de avaliar os custos visando a otimização dos gastos e melhoria no atendimento é essencial.

Em relação a rede privada de saúde, temos vivido um aumento significativo nos gastos e uma grande dificuldade em repassar esses valores aos clientes, na rede publica, da mesma forma, apesar da diferença no repasse a população.

Os desperdícios do setor da saúde ainda não são devidamente equacionados, causando certa dificuldade em mensurá-los e, consequentemente, de corrigi-los. Há grande necessidade de separar os custos dos desperdícios, o problema todo é que alguns gastos são desnecessários, frutos de falta de organização, mas com uma gestão assertiva esse problema pode ser minimizado.

Dentro deste cenário, criamos esse post, que tem como objetivo principal listar alguns dos desperdícios mais corriqueiros que podem ser evitados com o trabalho de um Engenheiro Clínico. E ao reconhecê-los poder então, criar medidas para cortar gastos de modo consciente.

Problemas quanto a capacidade de gestão

Você já pensou nos membros da sua equipe de gestão, já analisou quem faz o quê e se essa pessoa é a mais capacitada para tal função? Se não, essa é a hora de pensar. No meio hospitalar, onde cada ação imprecisa resulta em perda financeira, ter uma equipe preparada e capacitada dentro de cada função é o primeiro passo para fugir dos desperdícios, não é mesmo?!

Um profissional não capacitado e inapto a realizar a gestão, seja humana, de equipamentos, financeiros ou administrativos, acabar por tomar atitudes que geram perdas financeiras, principalmente. Digamos que você não tenha em sua equipe um Engenheiro Clínico, sabemos que esse profissional é o responsável pela parte de equipamentos médicos, desde a sua instalação até o momento da troca, ou seja, ele é a pessoa mais qualificada para garantir que a vida útil desses equipamentos seja o mais longa possível, trazendo redução de custos, segurança e agilidade nos processos relacionados aos equipamentos médico-hospitalares, esse é o gerenciamento efetivo das tecnologias hospitalares. Sem um Engenheiro Clínico na equipe, certamente, o acompanhamento desse maquinário não seria feito de forma correta e a perda financeira seria certa.

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Um profissional não capacitado acabar por tomar atitudes que geram perdas financeiras.

Já falamos um pouco sobre a importância de se ter um engenheiro clínico na equipe de gestão em outros 2 posts do nosso blog, o que reforça a relevância desse profissional dentro de uma instituição hospitalar.

Uma boa equipe de gestão é composta por profissionais qualificados, treinados e multidisciplinares. Um gestor hospitalar é a quem cabe as funções humanas e administrativas, este é encarregado de se comunicar com as diferentes áreas, sempre em busca de melhores técnicas de gestão para obter maior desempenho e melhor distribuição dos recursos.

Problemas com manutenção e gestão dos equipamentos médico-hospitalares

O parque tecnológico de um hospital é seu bem mais precioso. Uma gama de equipamentos diversos e com custo elevadíssimo, portanto este deve ser bem cuidado, desde a decisão de comprá-lo até o momento de substituí-lo. O engenheiro clínico, sendo o profissional melhor capacitado para gerir o parque tecnológico de um hospital, acompanha todo a vida útil de um equipamento médico. Ele pode dizer com propriedade qual a situação de um equipamento, se esta obsoleto ou não, se deve passar por preventiva ou corretiva, se deve ser realocado ou não, tudo referente a vida do equipamento o profissional de engenharia clínica estará apto a gerenciar.

Quando não há um planejamento estratégico para tratar da manutenção do parque tecnológico o número de manutenções corretivas aumenta de modo considerável. A falta de preventivas leva o equipamento a se desgastar mais rapidamente e eleva os gastos com as correções. Um estudo realizado entre 2001 e 2010 no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um hospital de grande porte e referencia na complexidade dos processos, revelou que após a inclusão de uma equipe de manutenção chefiada por um Engenheiro Clínico houve uma queda de 20% nas manutenções corretivas, pois com a implantação de manutenções preventivas o desgaste dos equipamentos pôde ser melhor controlado, mesmo com o aumento do parque tecnológico. A economia gerada pela gestão em Engenharia Clínica para a Instituição foi de aproximadamente R$2milhões em 2010, e a economia acumulada no período de 2001 a 2010 foi de R$7,6milhões.

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A falta de preventivas leva o equipamento a se desgastar mais rapidamente e eleva os gastos com as correções.

Como a Engenharia Clínica ainda é muito recente no Brasil, sendo ela derivada da Engenharia Biomédica, que congrega conhecimentos das áreas de medicina, engenharia e administração, e que se desenvolveu a partir da necessidade estabelecida pelos avanços tecnológicos introduzidos na área de saúde, este se torna essencial para a gestão hospitalar. De acordo com o ex-diretor do Centro de Engenharia Biomédica e professor da Unicamp, Eduardo Costa, este profissional tem muito a contribuir quanto a gestão estratégica de parques tecnológicos de instituições de saúde, além de ser hapto a desenvolver metodologias e ferramentas digitais visando otimização dos processos e consequentemente, redução nos custos gerados pelo mal gerenciamento do parque tecnológico.

Má gestão de serviços contratados

A má gestão dos contratos também é um fator que gera gastos desnecessários a hospitais. Isso porque em grande parte das instituições de saúde o tipo de contrato é o que vai definir as operações a serem realizadas quanto a gestão de equipamentos médico-hospitalares. Quando o gerenciamento desses contratos não é feito de forma consciente, sem um planejamento estratégico, sem análise das reais necessidades da instituição, ou quando é feito por um profissional que não é tão inteirado quanto as tecnologias hospitalares o resultado só pode ser um, o desperdício.

O contrato de serviço por período determinado geralmente é feito para equipamentos mais sofisticados (raio X, ressonância magnética, tomografia, acelerador linear, ultra-som etc.). O Ministério da Saúde designa algumas modalidades de contrato como:

  • Serviço completo
  • Serviço completo com hora limitada
  • Serviço limitado

Esses são voltados para procedimentos mais complexos e o engenheiro clínico é quem vai ditar a complexidade dos serviços a serem executados. Além desses existem os contratos de serviço sob demanda, que são voltados a serviços de baixa complexidade e que também estão a cargo do engenheiro clínico.

Esses foram alguns pontos que um engenheiro clínico poderia ajudar, e muito, um hospital quanto a redução de custos e gestão.
Ficou com alguma duvida? Ou tem alguma sugestão? Comente, compartilhe. 🙂

 

Thiago Bajur

Thiago Bajur

Thiago Bajur é co-fundador da Arkmeds. Escreveu um livro aos 11 anos de idade, o Zot. Estudou Engenharia de Sistemas Médicos na OVGU, Magdeburg Alemanha. Desenvolveu o primeiro analisador de segurança elétrica automático do Brasil. Já foi Juiz na German RoboCup, maior evento de Robótica do mundo. É Apaixonado por inovação e quer transformar a forma como é vista a Engenharia Clínica.
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Mauricio
Mauricio
4 anos atrás

Bom dia, sou Gerente Operacional e de Compras em um Complexo Médico em MG que esta em expansão para Hospital . Sou engenheiro de Produção Graduado e Estava decidido a cursar Especialização em Automação Industrial e mudar de área, porém após visitar a Hospitalar 2019 na intenção de aquisição de equipamentos, ascendeu essa chama da Engenharia Clinica em mim, e hoje vendo os posts desse blog estou cada vez mais decidido a fazer a especialização em Engenharia Clinica, pois acredito ser uma área em grande expansão, e como ja atuo a 2 anos na área não faz sentido mudar o segmento, já que gosto bastante do ambiente. Gostaria de saber se eu teria alguma dificuldade no curso, sendo que minha graduação inicial Nao é engenharia biomédica, e sim de Produção. O curso aqui na minha cidade dura em torno de 18 meses com aulas quinzenais nas sextas e sábados, gostaria também de saber se os módulos estão condizentes com a Engenharia Clinica, segue:

Módulos:

Princípios de Eletricidade e Eletrônica
Anatomia e Fisiologia Humana
Tecnologias em Equipamentos Médico-Hospitalares I
Interação da Radiação Ionizante e da Radiação Não Ionizante com o Tecido Biológico
Engenharia Clínica I
Tecnologias em Equipamentos Médico-Hospitalares II
Engenharia Clínica II
Processo de Avaliação e de Certificação da Qualidadedos Serviços de Saúde
Biomateriais
Metodologia Científica
Equipamentos de Diagnóstico por Imagem
Tecnologias em Imagens Médicas
Normas regulamentadoras – Segurança e Medicina do Trabalho
Empreendedorismo e Inovação Tecnológica na Área da Saúde
Normas de Segurança e desempenho aplicadas a equipamentos médicos e odontológicos
Regulamentação para Fabricação de Equipamentos em Conformidade com os Organismos de Regulamentação Nacionais
Processamento Digital de Sinais Biomédicos
Bioestatística
Automação e Instrumentação Hospitalar
Orientação para o trabalho de Conclusão

Desde já agradeço pelo espaço e gostaria muito de manter o contato.

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