Entenda como funciona a ISO/IEC 17025 e a importância dela no mundo

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norma

substantivo feminino

1. aquilo que regula procedimentos ou atos; regra, princípio, padrão, lei.
“n. técnicas”

2. padrão estabelecido, costume.

Norma é uma palavra que, ao ler seu significado, se torna fácil a compreensão do porquê regras existem. A ABNT NBR ISO/IEC 17025 é uma das normas que é relevante assimilar o que a motiva.  

Entender seu propósito ajuda a entender seu papel na promoção da qualidade em diferentes cenários. 

Afinal, qual é o  motivo desta regulamentação?

O propósito da ISO/IEC 17025 é assegurar que laboratórios de ensaios, calibração e amostragem estão alinhados a boas práticas e são realmente capazes de gerar resultados confiáveis, ou seja, considerando a competência técnica destes laboratórios.

Os laboratórios estão diretamente ligados à qualidade de muitos serviços e produtos que usufruímos.  

Já parou pra pensar em quem atesta que a água que bebemos é o suficiente potável para consumo? Ou qual organização comprova que o material da cadeira que você está sentado agora é forte o suficiente para suportar seu peso? Quem garante que o termômetro apresenta realmente a temperatura do seu corpo?

Sim, os laboratórios de ensaio, calibração e amostragem fazem parte desta alçada. 

Entenda os organismos que conferem acreditação aos laboratórios

A ABNT NBR ISO/IEC 17025 tem sua publicação feita pela International Organization of standardization (ISO) e International Electrotechinical Commision e em solo brasileiro pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Organizações importantes envolvidas para um tema bastante relevante.  

O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) é o órgão responsável por implantar e manter o credenciamento do laboratório e já o CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação)  é um braço do Inmetro que avalia a conformidade de constituições. Ele é apoiado pela divisão Dicla que concede e ajuda a preservar as acreditações junto aos laboratórios. E a Rede Brasileira de Calibração (RBC) é o sistema de consulta aos escopos de acreditação. 

O resumo histórico da norma

Em 1978 foi publicado um guia, que ainda não abrangia o segmento de calibração, incluso apenas a partir de 1982. O guia passou ter visibilidade internacional, pois era utilizado por muitos órgãos reconhecidos, expandindo a intenção de fazer com que este guia se transformasse em uma norma. Dessa forma, a ISO publicou a ISO/IEC 17025:1999, sendo emitida a tradução dessa versão no Brasil em 2001. Desde então a norma foi revisada duas vezes, uma em 2005 e a última em 2017. 

Interpretando pontos importantes…

Para melhor compreensão da 17025 é interessante interpretarmos alguns requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração.  Inicialmente, vamos ver pontos que encabeçam a norma e são fundamentais para conceituar sua metodologia de aplicação em laboratórios. 

A afinidade com os termos abaixo nos deixam mais próximos do entendimento do que é relevante para a norma e o que ela considera. 

1. Escopo

É a exposição dos serviços no qual o laboratório teve a acreditação conferida e atribuída.  Ou seja, é a evidência que em determinada atividade em que o laboratório exerce, vai muito bem, obrigado! 

2. Referências normativas

A padronização abrange inclusive o vocabulário. Afinal, os laboratórios precisam falar a mesma língua. E para isso existem dois guias: ABNT ISO/IEC GUIA 99, VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA (VIM) e ABNT ISO/IEC 17000, AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE – VOCABULÁRIO E PRINCÍPIOS GERAIS. São duas normativas importantes que apoiam a 17025.

Termos e definições

Figurando a partir da revisão da norma em 2017, os termos e definições foram incorporados para ajudar a entender os conceitos pilares para aplicar e manter os laboratórios alinhados através dessas expressões. 

Antes, estes termos eram abordados somente nas referências normativas, mas ganharam destaque pela sua importância. Saiba quais são eles e suas genéricas interpretações: 

  • Imparcialidade: neutralidade e justiça no tratamento dos dados, resultados e acordos com clientes.  Um exemplo da falta de imparcialidade é o laboratório que favorece um cliente aprovando seus resultados por serem amigos ou parceiros de longa data. 
  • Reclamação: É o descontentamento por parte de um cliente em relação ao serviço prestado pelo laboratório. Vale ressaltar que existem reclamações procedentes e improcedentes, no qual cabe uma resposta, podendo ser justificada inclusive com contra provas. 
  • Comparação interlaboratorial: Comparação de avaliação de resultados entre laboratórios diferentes em situações preconizadas, isso ajuda inclusive qualificar os mesmos, geralmente feito por instituições que coordenam o setor. 
  • Comparação intralaboratorial: Avaliação interna de um único laboratório no qual se leva em conta medições e ensaios  em condições fixadas. Por exemplo, realizar medições por técnicos distintos com os mesmos instrumentos e equipamentos para verificar se existem desvios grandes provenientes de pessoas. 
  • Ensaio de proficiência: Através do resultado das comparações interlaboratoriais será possível avaliar o quão eficiente é determinado laboratório. Ou seja, definir o nível de competência do laboratório. 
  • Laboratório: São todas corporações que exercem três tipos de atividade:
  1. Calibração – Operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir duma indicação, de acordo com o VIM.
  1. Ensaio – São testes feitos antes de disponibilizar produtos para o consumo final, com finalidade de verificar a segurança, capacidade de uso e de entrega de tal produto. Existem ensaios destrutivos e não destrutivos. Um exemplo comum é o teste para determinar qual valor em quilos que uma cadeira tem capacidade de suportar. 
  1. Amostragem – É a atividade de coletar amostras através de métodos predeterminados para ser realizado um ensaio posteriormente. A 17025 considera uma amostragem apenas amostragens seguidas de ensaio. Um exemplo é amostras ambientais, coletar amostras da água para verificar se existem resíduos químicos, o que pode explicar ou não a mortandade de peixes em rios. 
  • Regras de decisão: É o caminho para chegar na definições de incertezas relevantes para expressões de resultados. Até porque, os resultados nem sempre vão estar totalmente certos Por exemplo, podem existir fontes de incertezas provenientes do processo, dos instrumentos de medição, das condições ambientais, etc. 
    • Verificação:  É  o trabalho de apuração de dados, em que é conferido se  realmente componentes envolvidos no processo ou o próprio processo do sistema de medição atende o requisitado. 
  • Validação: É a constatação de que o método utilizado no sistema de medição é aceitável, ou seja, é um método de verificação do próprio método normalmente utilizado. Por exemplo, utilizar de um outro equipamento padrão para verificar se o habitual utilizado é consistente em suas medições

Pilares da norma

Passamos por termos e conceitos que ajudam a sustentar a norma, mas existem mais pilares que estruturam a forma como a qualidade dos serviços dos laboratórios podem seguir.

Algumas das bases são: 

  • Imparcialidade (destaque em mais de um momento na norma);
  • Confidencialidade; 
  • Requisitos de estrutura;
  • Requisitos de recursos;
  • Instalações e condições ambientais;
  • Rastreabilidade metrológica;
  • Produtos e serviços;
  • Processos; 
  • Sistema de gestão.

Em todos os pilares mencionados, cabe organização. Praticamente tudo é documentado e devidamente registrado. Para se obter uma acreditação, deve-se mitigar ou extinguir “pontas soltas”, ou seja eliminar a subjetividade ou informações pouco consistentes. 

Um exemplo disso é a rastreabilidade metrológica, no qual o laboratório deve manter uma corrente contínua de registros das suas calibrações, e cada um contribuindo para a incerteza de medição. 

A gestão da informação é algo mencionado na norma em diferentes itens, fortemente destacado pois deve-se evidenciar processos, métodos e padronizações com clareza para clientes, fornecedores e colaboradores no que se limita a cada um. Estabelecer políticas, regras e meios é algo muito comum para quem busca a acreditação da 17025, e estes materiais precisam estar acessíveis e seguros ao mesmo tempo.

Implementar cada requisito, levantar cada pilar da norma é algo realmente desafiador e sem ferramentas adequadas este desafio se torna ainda mais complexo. A Arkmeds possui meios para contribuir em fatias de cada requisição, fatias , que ao serem somadas, demonstram grande participação na padronização na oferta do serviço de calibração com qualidade. Desde sistematização dos cálculos e evidenciação de incertezas a suporte no controle de métodos e rastreabilidade metrológica.

Ficou interessado? Não deixe de conferir os próximos conteúdos para entender melhor sobre normas!

Bruno Alexandre Godinho de Melo

Bruno Alexandre Godinho de Melo

Bruno Alexandre é engenheiro de produção e formado como técnico de manutenção, possui mais de 5 anos de experiência em processos de manutenção. Atua na Arkmeds como consultor de processos, e é fascinado por análise e otimização de processos. Considera que sempre existe uma melhor forma de obter os melhores resultados através de um fluxo de trabalho automatizado, buscando sempre soluções que tornam a área da saúde mais eficiente e confiável.
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