Manutenção Centrada em Confiabilidade: Por que aplicar na gestão de equipamentos médico-hospitalares?

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Reability Centred Maintenance– RCM” ou em português “Manutenção Centrada em Confiabilidade- MCC” é uma metodologia proposta pela Engenharia de Manutenção para garantir que dispositivos, máquinas ou qualquer produto realize sua função adequada sob as condições de operação determinadas, para um tempo especificado, definindo qual as melhores estratégias de manutenção, certificando o controle dos riscos de segurança, ambiental, qualidade e economia.

Diante disso, os focos da RCM são voltadas para preservar a função do sistema, identificar, classificar e priorizar, segundo suas consequências, as falhas funcionais, através da aplicação de ferramentas de qualidade, como o FMEA.

RCM na gestão de equipamentos médico-hospitalares

Segundo a norma brasileira NBR 5462 (1994), manutenção é definida como a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de coordenação, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida, podendo inclusive incluir uma modificação do item. Ainda, a norma inglesa BS-3811 (1993) define manutenção como sendo a combinação de qualquer ação para reter ou restaurar um item, de acordo com um padrão aceitável.

Diante de todas essas definições que indicam combinação de ações e técnicas, os atuais avanços da tecnologia e todo o incremento de equipamentos elétricos utilizados na prática médica, se faz necessário uma constante prevenção das falhas e das consequências dessas falhas, além da redução de custos de manutenção, e aumento da confiabilidade e disponibilidade.

Para isso, é necessário que a gestão seja qualificada e especializada, adotando estratégias que trabalhem diante dos pontos citados acima. Como solução, a Manutenção Centrada em Confiabilidade se torna de extrema contribuição aos planos de gerenciamento dos equipamentos médico-hospitalares, eliminando a improvisação e metodologias focadas em manutenção não planejada.

Além disso, algumas certificações da qualidade em instituições ligadas à saúde, como a ISO 9001 e Acreditações Hospitalares, exigem que seus processos, apesar de distintos, tenham procedimentos formais, planejamento e controle, simplificando e atestando a qualidade do trabalho através dos enfoques citados da Manutenção Centrada em Confiabilidade.

Quais as vantagens de aplicação da metodologia RCM?

A Manutenção Centrada em Confiabilidade apresenta grandes vantagens para o gerenciamento dos equipamentos médico-hospitalares, dentre eles, os pontos forte que podemos destacar são:

  • Maior agilidade da equipe técnica na execução dos serviços, visto que existirá um maior conhecimento sobre os equipamentos, resultando em diminuição das horas de mão de obra da equipe técnica;
  • Diminuição dos custos, visto que existirá um melhor planejamento das manutenções, potencializando o serviço e evitando também a compra desnecessária de peças sobressalentes;
  • Redução de falhas no equipamento, visto que haverá maior planejamento e acompanhamento das manutenções, otimização do serviço e maior conhecimento sobre os equipamentos, implicando em maior disponibilidade e prolongamento da vida útil do parque tecnológico;
  • Maior cuidado e preservação das especificações de fábrica do equipamento, uma vez que evitará  manutenções desnecessárias, deficientes e que podem interferir em seu desempenho;
  • O retrabalho será evitado, visto que a manutenção será mais eficiente e a operação será adequada;
  • Maior segurança ambiental.

Como é aplicada a metodologia RCM?

O processo de implantação da RCM se divide em etapas que vão desde o planejamento até a prática real do que foi programado. Através dos questionamentos aplicados na metodologia do FMEA (indicado na imagem abaixo), que analisa modos de falha e seus efeitos, são encontradas as respostas para a determinação de tarefas pró-ativas ou reativas, através do diagrama de decisão para as manutenções.

fmea manutencao equipamentos medicos

fmea manutencao equipamentos medico
As tarefas pró-ativas se dividem basicamente em algumas tomadas de decisões: Manutenção Preditiva e Manutenção Preventiva.

  • A manutenção preventiva tem caráter elaborado e programável no intuito de realizar, por exemplo, ajustes, inspeções sistemáticas, preservação do equipamento, reparo de defeitos. Por outro lado, a manutenção preventiva tem sua eficácia questionável, pois às vezes envolve alto custo na revisão, além da possibilidade de ser induzida a falhas sobressalentes, contaminação na lubrificação, falhas humanas e em procedimentos operacionais.
  • A manutenção preditiva é realizada a partir da alteração de padrões de funcionamento ou condição, obedecendo a uma metodização. Seu propósito é impedir falhas nos equipamentos ou sistemas, realizando acompanhamentos de diversos parâmetros, porém sem a necessidade de interromper a operação da máquina ou sistema. 

Para as tarefas reativas, são realizadas ações secundárias caso não seja possível a utilização das tarefas pró-ativas por fins injustificáveis. Essas ações constituem três grupos distintos: Busca de Falhas, Reprojeto e Manutenção Corretiva.

  • A busca de falhas é uma etapa anterior ao reprojeto que tem o intuito de minimizar o risco de falhas múltiplas procurando identificar defeitos ocultos ou não explícitos aos profissionais da operação. Dessa forma, é feita a verificação no sistema e possível correção, caso precise, sem precisar tirá-lo de execução.
  • O reprojeto é realizado quando as falhas funcionais trazem consequências que afetam a segurança ambiental e física, tanto do paciente quanto do operador.
  • Manutenção Corretiva é operada a fim de corrigir uma falha aleatória, de caráter emergencial. Essas falhas muitas vezes acarretam em consequências graves, podendo danificar ainda mais o equipamento, provocando perdas na produção e na qualidade, impactando custos negativamente.

Como acompanhar os resultados obtidos pela RCM?

Algumas métricas são de extrema importância quando levada em conta a Manutenção Centrada em Confiabilidade, para verificar se a metodologia está apresentando resultados esperados e, para isso, é essencial que os indicadores sejam medidos com o máximo de veracidade. Abaixo, alguns dos indicadores mais utilizados para medir a eficiência de um plano de RCM dentro de uma companhia:

  • Tempo médio entre falhas;
  • Tempo médio de reparo;
  • Gráficos e relatórios que apresentam diagnósticos dos equipamentos.

 Para atender a essas necessidades, existem softwares de gestão e automação em manutenção, principalmente voltados para a área da saúde que, se alimentados corretamente, te fornecem informações precisas e que podem contribuir para melhorar a qualidade do seu serviço.

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Nathalia Mazotti

Nathalia Mazotti

Nathalia Mazotti é engenheira biomédica e especialista em engenharia da qualidade. Atua na Arkmeds como Coordenadora de Educação em Serviços de Saúde. Sua primeira vivência na área foi na CONSELT- Empresa Jr. de Engenharia Elétrica e Engenharia Biomédica, atuando principalmente no Núcleo de Engenharia Biomédica e com projetos ligados à tecnologia. Sua experiência esteve focada nas áreas de Engenharia Clínica e Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho- SESMT. É Apaixonada por tecnologia, e acredita que o setor da saúde deve ser mais dinâmico, focando em qualidade e inovação.
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