Defina Prioridades e Melhore o Desempenho de suas Manutenções Preventivas

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Vamos começar esse post com uma pergunta bem simples. É possível ser organizado sem saber priorizar suas ações?

Eu posso responder essa pergunta sem pensar duas vezes, e a resposta é NÃO! E isso é uma realidade em tudo em nossa vida, em nosso dia a dia, por exemplo eu, Thiago, sou Diretor de Marketing e CEO da minha empresa e minhas obrigações diárias são muitas. Agora, pense comigo, se eu não definisse prioridades, será que eu conseguiria desenvolver meu trabalho com eficiência? Acho que não.

Da mesma forma é o dia a dia de um prestador de serviço de manutenção de equipamentos hospitalares, é importantíssimo que haja um planejamento e priorização das obrigações. Isso inclui também a priorização na hora de planejar as manutenções preventivas de equipamentos médicos.

Sabendo dessa necessidade de priorização para chegar a excelência ao prestar esse tipo de serviço, elaboramos esse post com as melhores dicas e para que você saiba planejar seus processos de manutenção preventiva.

Então, vamos lá!

Manutenção Preventiva

Em  outro post nosso já falamos bastante do quão importante é a manutenção preventiva tanto para segurança de pacientes e operadores quanto para o financeiro dos hospitais e instituições de saúde. É aquela velha história. se posso prevenir, porque vou remediar, não é mesmo?!

Além de ser uma preocupação constante para quem trabalha com Engenharia Clínica, as manutenções preventivas devem ser muito bem planejadas, programadas com antecedência. Deve-se levar sempre em consideração, não só as indicações do fabricante, mas também deve-se atentar para o histórico e a função de cada equipamento.

Dentro de um processo de planejamento de manutenção preventiva existe a necessidade de priorizar equipamentos de acordo com uma avaliação inicial.

Dentro de um processo de planejamento de manutenção preventiva existe a necessidade de priorizar equipamentos de acordo com uma avaliação inicial.
No planejamento de manutenção preventiva existe a necessidade de priorizar equipamentos de acordo com uma avaliação inicial.

Avaliação de equipamentos

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dita alguns critérios que devem ser levados em consideração ao se planejar uma manutenção preventiva, tais critérios são descritos na RDC nº 185, de 22 de outubro de 2001.

Os equipamentos são avaliados em:

Sua aplicação (finalidade de uso)

A função de um equipamento diz muito sobre sua importante e sobre a sua necessidade de priorização em relação a manutenções preventivas. Portanto há uma separação desses equipamentos em grupos de acordo com sua função.

Consequência em caso de uma possível falha

Nesse ponto há de se analisar a consequência da parada de tal equipamento, principalmente em relação ao paciente. Deve-se questionar o seguinte:

  1. Caso haja uma parada repentina desse equipamento, qual será o corolário dessa parada – para o paciente e para o hospital?
  2. Tem como ser revertido ou não?

Se as respostas a essas questões são negativas, é preciso dar atenção especial para tal.

Tipo de contato das partes do equipamento com o corpo do paciente

Alguns equipamentos, como sabemos, liberam certa quantidade de energia no corpo do paciente (bisturi elétrico, desfibrilador) e dependendo do estado do equipamento ele pode causar queimaduras sérias no corpo do paciente.

Portanto deve ser levantado corretamente qual o tipo de contato que tal equipamento tem com o corpo do paciente.

Tempo de uso

Neste ponto avalia-se o tempo a qual o equipamento está em funcionamento, ativo. Cabe avaliar a idade do equipamento, pois tal fator é crucial para determinar as condições do equipamento.

Tecnologia utilizada

Além de tudo que já foi citado é importante saber qual tipo de tecnologia que determinado equipamento usa, isso porque isso determina também os materiais da manutenção preventiva, além de ser ponto chave até mesmo para decidir se é hora de substituição.

Criticidade, como calcular?

Importante prática para classificar equipamentos médico-hospitalares é saber calcular sua criticidade. Além de ser algo muito importante para gestão de manutenção, já que proporciona um direcionamento assertivo quanto ao planejamento das preventivas e priorização dos equipamentos. Dos benefícios proporcionados por essa boa prática estão:

  • Melhoria na forma de priorizar as manutenções preventivas;
  • Permite elaborar planos de contingência mais focados ao real problema;
  • Possibilita uma melhor avaliação quanto às manutenções corretivas.

Para calcular o grau de criticidade de cada equipamento levamos em consideração além da função e risco, a importância estratégica de cada equipamento em relação a operação. Já que certo equipamento ao sofrer uma parada causa grandes perdas financeiras ao hospital, laboratório ou seja qual for a instituição de saúde.

Para calcular o grau de criticidade de cada equipamento levamos em consideração a função, risco e grau de importância.
Para calcular o grau de criticidade de cada equipamento levamos em consideração a função, risco e grau de importância.

Apresentaremos agora um método que pode auxiliá-lo no cálculo da criticidade. Vamos trabalhar em cima da fórmula C = F + RF +ABC, sendo

C = Criticidade

F = Função

RF = Risco Físico

ABC = Grau de importância

Abaixo listamos as funções, riscos e suas pontuações.

Funções

Suporte a vida (10 pontos) – os equipamentos que cabem neste grupo são os usados para sustentar a vida de um paciente após uma insuficiência de órgãos vitais. Exemplo de equipamento é o ventilador pulmonar.

Terapia (8 pontos) – neste são os equipamentos que tem por finalidade auxiliar em tratamentos de algumas doenças, e abrange a modificação da anatomia humana (Incisão). Em geral aplicam energia ao corpo do paciente, como bisturi elétrico.

Diagnóstico (6 pontos) – aqui entram os equipamentos usados na detecção de informações do organismo humano, como a identificação de tumores ou quaisquer corpos estranhos ao corpo humano, como aparelho de raio-X.

Análise (4 pontos) – equipamentos mais voltados ao meio laboratorial, tem a função de analisar algum material seja genético ou sintético. Exemplo desse tipo de equipamento é a centrífuga.

Equipamento de Apoio (2 pontos) – esses são equipamentos voltados ao suporte de procedimentos, seja cirúrgico, de diagnóstico ou de terapia. Exemplo disso são as macas hospitalares.

Riscos

Morte (7 pontos) – o equipamento entra nesse nível quando sua parada pode causar a morte do paciente;

Injúria (5 pontos) – quando a falha de um equipamento causar danos permanentes ao paciente;

Terapia ou Diagnóstico falho (3 pontos) – nesse ponto entram equipamentos que ao falhar apresenta um falso diagnóstico.

Sem risco (1 ponto)

Grau de Importância

Levamos em consideração que em muitos casos, nos hospitais, existem equipamentos que por mais que estejam em menor quantidade sua importância para o hospital é maior que outros equipamentos que tenham uma quantidade maior.

E determinando esse grau de importância fica bem mais fácil determinar a prioridade de cada equipamento dentro do planejamento de manutenção preventiva, já que isso flexibiliza a pontuação indicada a cada equipamento.

Separa-se então 3 grupos, o A, o B e o C:

Grupo A (10 pontos): A esse grupo pertencem os equipamentos a qual sua parada gera impacto direto ao serviço que está sendo executado e causando perda financeira. São equipamentos de difícil substituição, que custam a partir de R$ 100.000,00.

Grupo B (5 pontos): Aqui enquadram os equipamentos que impactam de diretamente o tratamento de um paciente, também causa perdas financeiras. Os valores desses equipamentos são mais moderados e em geral há uma quantidade maior destes na instituição o que facilita sua substituição.

Grupo C (1 ponto): Neste grupo se encaixam os equipamentos que sua falta não gera paralisação da assistência médica, são facilmente substituídos e de fácil aquisição.

Calculando

Agora que entendemos a criticidade, função e risco do equipamento podemos dar alguns exemplos.

Ps.: Os valores representados a seguir são meramente ilustrativos e podem variar de acordo com a realidade cada hospital.

Equipamento Função Risco Físico Grau de importância Criticidade
Ressonância Magnética 6 3 10 19
Desfibrilador 10 7 5 22
Eletrocardiógrafo 6 3 1 10

A partir da análise de Função (F), Risco Físico (RF), Grau de Importância (ABC) podemos aplicar a fórmula que falamos no início deste post:

C = F + RF + ABC

Desfibrilador: C= 10+7+5 > C= 22

A partir disso deve-se enquadrar os equipamentos nos níveis de criticidade:

  • Baixa Criticidade: valor de criticidade varia entre 04 a 11;
  • Criticidade Média: valor de criticidade varia entre 12 a 18;
  • Criticidade Máxima: valor de criticidade varia de 19 a 27.

A RDC nº 185 deixa clara a importância do cálculo de criticidade para que a priorização das manutenções preventivas seja assertiva, aumentando a eficiência do trabalho de manutenção, gerando maior organização, o que consequentemente traz qualidade no atendimento ao paciente e garante a qualificação da instituição de saúde.

Após enquadrar os equipamentos dentro de um desses níveis de criticidade passa-se à parte da priorização efetiva.

É importante que haja planejamento entre a equipe técnica e o engenheiro clínico responsável para realizar a priorização.
É importante que haja planejamento entre a equipe técnica e o engenheiro clínico responsável para realizar a priorização.

Priorização

A partir do cálculo de criticidade, os equipamentos que se encaixam na criticidade máxima e média devem ser  postos como prioridade no planejamento das manutenções preventivas, nos planos de contingência e também devem ser priorizados quanto aos procedimentos em caso de manutenção corretiva.

Desse modo é importante, acima de tudo, estabelecer junto a administração do hospital ou qualquer instituição de saúde, o tempo máximo de atendimento para cada nível e com apoio do Engenheiro Clínico responsável, estabelecer as regras de priorização.

Em relação ao tempo máximo de atendimento para cada equipamento apresentamos abaixo exemplos de como deve ser feito.

Criticidade Priorização
Máxima Criticidade Estes devem ter o atendimento imediato ou em até 10 minutos. Em especial quando o equipamento já estiver em uso por um paciente. Dessa forma técnicos que estiverem em manutenção de equipamentos de menor nível de criticidade devem ser remanejados para o de maior criticidade.
Criticidade Mediana É importante que esses equipamentos sejam atendidos em menos de 20 minutos. E da mesma forma técnicos que estiverem em manutenção de equipamentos com menor criticidade devem ser realocados.
Baixa Criticidade Atendimento é mais tranquilo, deve ser feito em até 2 horas de acordo com a disponibilidade de técnicos.

É importante lembrar que tudo depende da realidade da instituição de saúde, por isso é essencial que a equipe de manutenção junto ao engenheiro clínico responsável façam esse planejamento em cima das reais necessidades do seu dia a dia.

Ficamos por aqui com esse post, espero que tenha lhe ajudado a compreender mais um ponto da organização dos processos de manutenção e da priorização de equipamentos.

 

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Thiago Bajur

Thiago Bajur

Thiago Bajur é co-fundador da Arkmeds. Escreveu um livro aos 11 anos de idade, o Zot. Estudou Engenharia de Sistemas Médicos na OVGU, Magdeburg Alemanha. Desenvolveu o primeiro analisador de segurança elétrica automático do Brasil. Já foi Juiz na German RoboCup, maior evento de Robótica do mundo. É Apaixonado por inovação e quer transformar a forma como é vista a Engenharia Clínica.
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7 anos atrás

[…] gestão de equipamentos hospitalares envolve o planejamento e a organização de materiais e instrumentos necessários ao […]

Vinícius Silva
Vinícius Silva
7 anos atrás

Boa Tarde Thiago,
Muito bom artigo! Realmente estabelecer a criticidade de equipamentos médicos é de fundamental importância para garantir uma eficiente manutenção. Em especial os Cardioversores / Desfibriladores por seu alto potencial de dano devem ter prioridade em ações de manutenção.

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