O que é CME?
A CME (Central de Material de Esterilização) é uma parte do hospital de apoio técnico que recebe materiais considerados sujos e contaminados com o objetivo de descontaminá-los com a esterilização e prepará-los para uma futura distribuição.
Esse trabalho contribui significativamente para a diminuição de infecções hospitalares em todos os setores do hospital.
Quando surgiu?
No período de 1941 a 1944, com a liderança e direcionamento do Dr. Odair Pedroso, foi implantada no Brasil, a primeira C.M.E, situada no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Esse setor hospitalar tem sido desenvolvido progressivamente, mesmo com as limitações econômicas e escassez de profissionais especializados, o que hoje é muito característico na maioria do cenário de serviços hospitalares atuais.
Como é feita a esterilização?
Assim que embalados, os materiais são preparados para a esterilização. A esterilização pode ser feita pelo meio físico (calor, filtração e radiação) ou através de soluções químicas (compostos fenólicos, clorexidina, halogênios, álcoois, peróxidos, óxido de etileno, formaldeído, glutaraldeído e ácido peracético).
Os materiais destinados a esse procedimento são levados a uma área estéril para posteriormente serem redistribuídos aos setores de origem.
É preciso levar em conta os seguintes fatores:
1.º) Área – O estudo de sua dimensão deve ser feito de modo que favoreça o aproveitamento máximo desta, na execução do trabalho a ser realizado. Na opinião da Dra. Lourdes de Freitas Carvalho, a área da C.M.E. deve corresponder, aproximadamente, a 0,40m2 por leito. Portanto, em um hospital de 1000 (mil) leitos, sua área total deve ser equivalente a 400 (quatrocentos) m2.
2.º) Acabamento – Sendo uma C.M.E., um setor hospitalar de intensa atividade, merece atenção especial no seu acabamento. Considerando não só a eficiência do trabalho, como também a visão do conjunto e sua aparência.
3.º) Equipamento da C.M.E. e sua conservação – Em geral, o equipamento sob assistência e treinamento técnico adequados dos recursos humanos que utiliza, oferece maior segurança e eficiência. A sua manutenção depende diretamente muito do fracasso ou do êxito de diversas atividades de assistência junto ao paciente. Deve haver um funcionário responsável do hospital por esta manutenção, e a eficiência do material deve ser periodicamente comprovada, através de testes bacteriológicos.
4.º) Setores e funcionamento – Fluxo do material
Quais profissionais atuam na área?
Os profissionais responsáveis por esse procedimento (Enfermeiros Coordenadores, Chefes ou Responsáveis, ou por empresa processadora de produtos para saúde) tem que ser dotados de um bom senso técnico administrativo e ter amplo conhecimento dos seguintes tópicos:
Equipamentos e sua execução/funcionamento
Avaliação e controle de Recursos Humanos na CME
Técnicas asséticas e preparo de todo o material a ser esterilizado
Microbiologia com atenção e responsabilidade quanto aos testes bacteriológicos
Cuidados em dobro: Covid-19
Se antes da pandemia a rotina da CME já era extremamente agitada, a pandemia fez com que tudo ficasse ainda mais intensificado.
Assim que o Coronavírus chegou ao Brasil em março de 2020, as cirurgias eletivas foram suspensas e os materiais que antes eram comumente passados pela central, foram alterados.
Antes as caixas de instrumental eram preferência, mas atualmente são os respiratórios, o que mudou totalmente a rotina de toda a CME.
Por esse aumento de produtos de assistência ventilatória (circuitos ventilatórios, conectores, máscaras e traqueias) que por sua vez são mais sensíveis e com uma degradação mais rápida, a demanda que antes da pandemia era para 10 a 20 pacientes em uso de ventilador, foi triplicada, chegando a 60 pacientes em UTI, com uma demanda de várias vezes ao dia.
O fator do aumento da demanda pelos leitos de UTI aumentou mais ainda a agilidade de liberação dos leitos após uma alta ou óbito e esse é um processo que depende em grande parte do tempo de execução do CME.
Isso aumentou também o treinamento da equipe na parte de montagem para garantir mais aceleração na troca dos aparelhos.
Conclusão
Para que uma C.M.E consiga atingir os mais altos níveis de excelência, é necessário investimento para o alto custo de maquinário e manutenção, para formar pessoas especializadas neste setor (são poucas), diminuir o nível burocrático para a aquisição dos materiais, e aumentar o planejamento.
As C.M.E. dos hospitais precisam assumir a verdadeira importância e serem fiscalizadas por comissões oficiais competentes e enérgicas, que busquem despertar e orientar a administração hospitalar para a aproximação da referência teórica com padrões mínimos de funcionamento, com segurança para os clientes, em uma demonstração de desempenho da equipe de saúde dentro dos padrões ético-profissionais, sobretudo por se tratar de componente definitório de qualidade de assistência hospitalar prestada.
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