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Você sabe como manter a segurança de um Ventilador Pulmonar?

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O ventilador mecânico pulmonar é um dispositivo que fornece suporte ventilatório artificial para pacientes que não conseguem respirar por vias normais devido a fatores como doença, anestesia, defeitos congênitos. Este dispositivo é classificado na Classe III de risco, da RDC nº 185/2001, pois proporcionam, segundo sua alta complexidade, risco inerente à sua tecnologia, devendo ser avaliado periodicamente de acordo com a intensidade do uso, finalidade a que se destina e das características especiais que possui.

Quer saber mais sobre o funcionamento de um ventilador pulmonar e as principais falhas? Você pode consultar meu artigo “Você conhece um Ventilador Pulmonar? Saiba sobre seu funcionamento e as principais falhas”.

Gerenciamento de riscos

Medgadget

Para o funcionamento seguro e confiável do ventilador pulmonar, deve-se realizar periodicamente um conjunto de ações que visam assegurar as boas condições técnicas de um equipamento, preservando suas características funcionais de segurança, confiabilidade e qualidade.

Boas Práticas adotadas

As boas práticas adotadas em equipamentos são necessárias para evitar ou diminuir os problemas decorrentes de uso. Para isso, é necessário conhecer o funcionamento do equipamento, treinar os operadores, manter os equipamentos com as calibrações e manutenções atualizadas, fazer inspeção pelo menos a cada seis meses e verificar seu estado operacional antes de cada uso.

Os ventiladores pulmonares devem ser submetidos a uma inspeção de rotina após serem utilizados em terapia e depois de realizada a higienização do equipamento.

Os testes devem ser realizados com o equipamento fora de uso,  totalmente desconectado do paciente. Esta rotina é denominada Verificação Operacional do Ventilador Pulmonar e poderá ser executada pelo operador ou, conforme política da instituição, por outro profissional capacitado. Caso o equipamento apresente não conformidades ou falhas durante a Verificação Operacional, o usuário deverá acionar a Engenharia Clínica do hospital para proceder à intervenção técnica necessária.

Testes Mínimos de Verificação Operacional do Ventilador Pulmonar

Dräger

Alguns procedimentos mínimos de verificação operacional de ventiladores pulmonares são indicados a compor o POP (Procedimento Operacional Padrão) de Verificação Operacional, juntamente com outros requisitos de ambiente ou processo.

Deverão ser verificados:

  • Alarme de falha de energia: Verificar se a bateria mantém o equipamento ligado após desligar da energia; verificar a indicação do nível de bateria, a indicação visual e sonora de falha de energia;
  • Indicadores visuais: Ao ligar o ventilador, verificar se todos os indicadores luminosos estão funcionais;
  • Alarmes visuais e sonoros: Desconectar as entradas de oxigênio e de ar separadamente para verificar os alarmes correspondentes. Utilizar um pulmão de teste para verificar os alarmes de pressão baixa e volume exalado baixo. Desconectar momentaneamente o circuito e verificar o alarme de apnéia. Ocluir o circuito e verificar o alarme de pressão alta. Simular uma situação de razão inversa na relação I:E e verificar o acionamento dos alarmes.
  • Pressão proximal nas vias aéreas e PEEP: Selecionar o nível de PEEP desejado e ciclar o ventilador num pulmão de teste. O manômetro deve mostrar o aumento da pressão e retornar para a linha de base apropriada. Desconectar momentaneamente o ramo inspiratório do circuito e checar o “zero” do manômetro;
  • Teste de vazamento: Podem ser feitos dois tipos de teste:
  1. Ocluir a conexão para o paciente, selecionar níveis máximos para pressão alta e volume corrente e mínimo para pico de fluxo e freqüência, e iniciar a ventilação. O manômetro deve indicar a pressão máxima selecionada e disparar o alarme;
  2. Selecionar uma pausa inspiratória e PEEP igual a zero e verificar se a pressão do platô inspiratório não flutua mais do que 10%.
  • Modos de ventilação: Selecionar os modos de ventilação e verificar (usando um pulmão de teste) a ventilação estabelecida conforme o ventilador ciclar;
  • Frequência de ventilação pretendida e medida: Contar o número de inspirações que ocorrem num intervalo cronometrado. A diferença entre os valores obtidos, programado e mostrado no display (se houver) deve ser no máximo +/- 1 respiração por minuto;
  • Volume pretendido e medido (Volumes corrente, de suspiro/gatilho e minuto): Usar um dispositivo externo (por exemplo, um espirômetro), para medir volume exalado. Ciclar a máquina conectada a um pulmão de teste e comparar os volumes exalados. Disparar manualmente um suspiro (se possível) e medir o volume exalado. As medidas devem estar dentro de +/-5% dos valores programados;
  • Sensibilidade: Colocar o ventilador no modo assistido. Apertar e soltar o pulmão de teste: deve ocorrer inspiração quando a pressão cair abaixo do nível de sensibilidade escolhido;
  • Calibração do Sensor de Oxigênio: Expor o sensor de oxigênio ao ar ambiente (21%) e ao oxigênio da parede (100%), e ajustá-lo se possível. Se não conseguir ajuste realizar a substituição do sensor de oxigênio.
  • Filtros: No caso de utilização dos filtros para inspiração e expiração devem ser trocados a cada novo paciente e periodicamente durante a permanência do mesmo no ventilador, de acordo com as recomendações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do hospital;
  • Umidificador: No caso de utilização de umidificador aquecido ativo, verificar a funcionalidade e a integridade do sensor de temperatura.
  • Alarmes na condição de monitoramento remoto: No caso de utilização de algum recurso de conectividade com outros equipamentos ou sistemas, simular uma condição de alarme e verificar se ocorre a notificação remota.

Considerações Finais

Devido a sua complexidade, o Ventilador Pulmonar pode representar um alto risco para a segurança do paciente nos diversos ambientes em que são utilizados. Por estar propício a erros constantes, se torna indispensável adotar rotinas periódicas de calibração e manutenção.

Para facilitar nos processos de gestão desses ativos, os POP’s e as rotinas específicas devem estar documentadas e repassadas, seja ele um processo manual ou automatizado, para que apresente segurança e qualidade institucional, além de facilitar o trabalho da Engenharia Clínica no uso cotidiano e na educação dos usuários.

As inspeções de rotina podem ser elaboradas segundo protocolos indicados pelos fabricantes dos ventiladores e estabelecidos pela política de gerenciamento de tecnologias do hospital.

É importante ressaltar que, melhor do que realizar manutenção corretiva no ventilador, é implementar uma rotina preventiva, evitando gastos e perdas de aparelhos. Um ponto de grande importância quando se trata de ventilação mecânica, é que sua utilização é voltada para melhorar a saúde do paciente, mas com um aparelho descalibrado, os malefícios são de grande risco à vida do paciente.

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Fernanda Batista

Fernanda Batista

Fernanda Batista é Engenheira Biomédica e especialista em Engenharia Clínica. Iniciou na área de engenharia clínica auxiliando no desenvolvimento e aplicação de estudos sobre “Priorização da Manutenção Corretiva de Equipamentos Médico-Assistenciais” do Hospital de Clínicas de Uberlândia. Estagiou no Hospital Orthomed Center, atuando na área de Engenharia Clínica e Qualidade Hospitalar pela empresa Metromed Eletromedicina LTDA. Atualmente, possui como foco a aplicar seus conhecimento de Engenharia Clínica e desenvolver mais experiência na área. É apaixonada por Engenharia Clínica e Qualidade Hospitalar e acredita que a tecnologia deve ser utilizada em prol do desenvolvimento da saúde, tornando os processos mais confiáveis e seguros.
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